quinta-feira, 29 de julho de 2010

VERA - Sentiremos saudades


Profª Vera ao lado do Prof. Belmiro, com balão verde.

Profª Vera dançando com a Profª Gigliane.


Profª Vera entre a Profª Gigliane e Profª Tania.

Profª Vera criando indumentaria com jornal.




Profª Vera regendo a apresentação do grupo de colegas professores.


sábado, 24 de julho de 2010

Artigo Marta Luna

Jogos Cooperativos para crianças e adolescentes dos bairros Jardim da Seringueira e Primavera no município de Ji-paraná, Rondônia, Brasil:
Uma proposta de inclusão social
1Marta Virginia Pereira Luna
2 Luiz Delmar da Costa Lima

Resumo
As populações periféricas geralmente são excluídas socialmente do esporte e lazer, mas isso não quer dizer que elas não devem lutar pelos seus direitos, por espaços físicos que permita essa vivencia. Os jogos cooperativos são atividades de diversão que evitam as violações físicas e psicológicas. E uma ferramenta de inclusão social. A pesquisa foi realizada no período de Agosto de 2008 a Novembro de 2008, teve como objetivo verificar se os jogos cooperativos para crianças e adolescentes dos bairros periféricos Jardim das Seringueiras e Primavera promove a inclusão social. Optou-se por uma abordagem qualitativa descritiva e questionários contendo oito perguntas, duas abertas e seis fechadas com citações diretas de cinco educadores. Verificou-se nos bairros a infra-estrutura esportiva de lazer e, na Policia Civil o índice da violência das periferias estudadas. Foram utilizadas fontes bibliográficas disponíveis na biblioteca da Universidade Luterana de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA) e, artigos científicos na Internet. Conforme as respostas apresentadas no questionário, a falta de infra-estrutura e da logística nas praticas esportivas e de lazer com continuidade é um fator de exclusão social. Os jogos cooperativos realizados em 2007 levaram as crianças e os adolescentes a praticar esporte e lazer ao invés de estar envolvidos na criminalidade. Acredita-se que as políticas públicas de lazer podem reverter à exclusão em inclusão e mudar o cenário da periferia. O lazer e uma das possibilidades de combater a desigualdades através de projetos que contemplem os mais variados segmentos da sociedade brasileira, de maneira justa e igualitária. Conclui-se que os jogos cooperativos apresentam muitos benefícios para crianças e adolescentes nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera, pois, este reduz brigas e promove a inclusão social.
Palavras-chaves: jogos cooperativos, Inclusão social, Esporte e Lazer

1. Acadêmica do Curso de Educação Física do CEULJI/ULBRA - martapluna@yahoo.com.br
2. Professor Drdo. Do Curso de Educação Física do CEULJI/ULBRA
Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná - CEULJI-ULBRA; Av. Universitária, no 762, Bairro Jardim Aurélio Bernardi, CEP 78961-970, Ji-Paraná - Rondônia.

Abstract

The peripheral populations generally are excluded socially from the sport and leisure, but this does not want to say that they do not have to fight for its rights, for physical spaces that this allows lives. The cooperative games are activities of diversion that prevent the physical and psychological breakings. Is a social inclusion tool. The research was carried through in the period August of 2008 the November of 2008, had as objective to verify if the cooperative games for children and adolescents of the outlying areas Jardim das Seringueiras and Primavera promotes the inclusion social. It was opted to a descriptive qualitative boarding with questionnaires contend eight questions, two open and six closed and direct citations of five educators in sport. The results of the research show that the lack of infrastructure and the logistic on the sportive practise and leisure with continuity and quality is a factor of social exclusion. When the program sport and leisure of the Ji Paraná city reached the Jardim das Seringueiras and Primavera, provided the quality of life. The cooperative games had taken the children and the adolescents to practise sport and leisure instead of being involved in crime or the forced infantile work. The public politics of leisure can revert to the exclusion in inclusion, when they are fed of the reality lived for the social actors who compose the scene of the periphery. Leisure is one of the possibilities to fight the inaqualities, since that had taken proposals, projects and research that they contemplate the most varied segments of the Brazilian society, in way joust and with equality.
Key words: Cooperative games, Social inclusion, Sport and leisure.

Introdução

As populações periféricas, geralmente são excluídas socialmente do esporte, lazer, saúde e educação. Segundo Watanabe (1992), essa prática discriminatória pode ser modificada a partir de uma intervenção na comunidade a partir dos jogos cooperativos, portanto este trabalho tem por objetivo verificar se os jogos cooperativos para crianças e adolescentes dos bairros periféricos Jardim das seringueiras e Primavera, promove a inclusão social.
Na busca por propostas inclusivas do esporte e lazer, a inclusão social deve superar a predominância competitiva esportiva, oferecendo brincadeiras sem competição, ou seja, sem o sentimento de rivalidade, onde os competidores procuram vencer juntos, brincando juntos, fazendo da cooperação o desafio das políticas públicas no Brasil (WATANABE, 1992; WEINSTEIN & GOODMAN,1993). O papel da administração pública municipal na política de lazer deve partir da educação considerando a necessidade cotidiana de expressão do ser humano e a existência sociocultural, tornando possível muitos contatos sociais e um convívio fraterno, proporcionando atividades lúdicas para melhoria da qualidade de vida (DUMAZEDIER, 1976).
A organização do lazer com criatividade nos bairros periféricos é de estrema importância, para amenizar a carência de atividades de recreação e esporte. Para Orlick (1989), o esporte e uma ferramenta eficiente usada para solucionar problemas nas periferias, é também um amenizador de conflitos. Lazer é a satisfação que você tem em realizar determinada atividade com seu tempo livre ou não (REQUIXA, 1980). Vê-se a importância do esporte na educação familiar. O lazer é uma forma de mediar os conflitos e de tomar decisões coletivas, entretanto, a educação para o lazer consiste na organização do uso do tempo livre (REQUIXA 1980, BROTTO 2001, WEIBERG 2001).
Dentro de uma visão ampla de organização e realização de eventos no poder público é necessário que os professores de educação física e técnicos esportivos, não estejam limitados a protocolos, deixando de considerar os jogos como fenômeno social, cultural, econômico e político (ROSA, 2006). O alto grau de liberdade que o jogo permite faz com que as relações fiquem mais saudáveis e, dependendo da orientação que o jogo oferece, pode modificar e aprimorar o relacionamento interpessoal. Daí a importância de criar jogos cooperativos para o encontro e não mais para o confronto (SOLER, 2005).
Desta maneira, este trabalho serve como crítica das políticas públicas, do programa esporte e lazer da cidade de Ji-paraná e, simultaneamente, enfoca os jogos cooperativos como fator de inclusão social de populações na periferia de Ji-Paraná. Com base no transcrito acima, levantou-se o seguinte questionamento: Os jogos cooperativos para crianças e adolescentes nas periferias dos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera podem promover a inclusão social?

Material e Métodos
Caracterização da investigação
Tendo em vista o caráter social do presente estudo, optou-se por uma abordagem qualitativa descritiva, que proporcionou a realidade prática do estudo. A coleta de dados foi na forma de questionários, composto de oito perguntas, sendo seis fechadas (testes) e duas abertas (descritivas), onde se explorou as vivências pessoais de dois professores de Educação Física e três estagiários, egressos do programa esporte e lazer da cidade de Ji-paraná.
A pesquisa verificou os jogos cooperativos como ferramenta de inclusão social de crianças e adolescentes nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera, apresentando pontos de vista dos educadores em Educação Física do programa esporte e lazer da cidade de Ji-Paraná (PELC), e suas experiências nos jogos cooperativos com crianças e adolescentes na faixa etária de sete a dezenove anos.
Os educadores questionados residem no município de Ji-Paraná, sendo que um encontra-se trabalhando na escola Estadual Osvaldo Piana, outro, na Secretaria de Esportes do município de Ji-Paraná, um, no Clube esportivo Vera Cruz, outro, na Escolinha de Futebol Academia Rondônia de Formação de Atletas, ARFA e, um, encontra-se estudando.
Plano de coleta de dados
A pesquisa foi realizada durante o período de primeiro de setembro de 2008 a dezenove de novembro de 2008. Cinco educadores de Educação Física foram convidados a responder os seguintes questionamentos: Qual a percepção do professor de Educação Física quanto à carência de esporte e lazer nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera. Quais as possibilidades e modelos de inclusão social condizentes com a realidade dessas comunidades periféricas, com as seguintes opções - Atividades recreativas de lazer, Jogos cooperativos e Atividades esportivas diversas -. Qual a faixa etária que mais se adaptou aos jogos cooperativos. Se há planejamento das aulas de educação física com procedimentos de ensino para facilitar a inclusão - sempre, quase sempre e nunca-. Na pratica observou resistência por parte dos adolescentes ao desenvolver os jogos cooperativos – sempre, quase sempre e nunca. Percebe quais são os beneficio alcançados aos alunos realizarem os jogos cooperativos – sempre, quase sempre e nunca -. Percebe mudanças mediante a proposta de inclusão dos jogos cooperativos em relação à ausência de brigas e agressividades – sempre, quase sempre e nunca -. Percebe que os jogos cooperativos refletem o convívio familiar – sempre, quase sempre e nunca -.
Apos questionários, verificou-se nos bairros a infra-estrutura para realização do esporte e do lazer, também foram coletados dados junto a Policia Civil referentes á violência no Jardim das Seringueiras e Primavera referentes aos anos 2007-2008 e, nos arquivos do PELC coletou-se fotografias para correlacionar a realidade das periferias estudadas e as respostas dos professores questionados.
A pesquisa contou com as fontes bibliográficas delineados nos jogos cooperativos, inclusão social e políticas públicas, disponíveis na biblioteca da Universidade Luterana de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA) e, artigos científicos na Internet.

Resultados e Discussão
A falta de infra-estrutura e da logística de suporte as práticas esportivas e de lazer com continuidade e qualidade, quadras esportivas, profissionais habilitados caracteriza-se como maior problema da inclusão social das crianças e dos adolescentes nas praticas esportivas nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera.
Gráfico 1. Distribuição da percepção carência de Esporte e Lazer quanto ao espaço físico privado e público nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera.
A população encontra-se a lutar pelos seus direitos, por espaços físicos que permita a vivencia do direito ao esporte e lazer. Esta reivindicação deve propiciar melhorias das condições de esporte e lazer para essas periferias, pois, já se encontra em fase de construção uma quadra poliesportiva no Bairro Jardim das Seringueiras, com recursos da Prefeitura Municipal de Ji-Paraná, com capacidade para realização de Vôlei e futebol de areia. Verificou-se também, crianças e adolescentes participando do programa Sonho Meu da Fundação JICRED, subsidiado pela Cooperativa de Créditos de Ji-Paraná – JICRED. Considerando que “Sonho Meu´´ está voltado para a formação do cidadão com acompanhamento psicológico e pedagógico das crianças e adolescentes mais carentes do bairro, pôde se constatar um grande avanço social inclusivo nesta comunidade, pois, o espaço físico para a realização do esporte e do lazer é excelente.
No bairro Primavera, os espaços físicos de esporte e lazer são precários, onde a população dispõe de duas quadras, uma de areia e, outra cimentada na escola Beatriz Ferreira, a céu aberto em condições precárias de uso. Outro espaço é o campo de futebol medindo 100 x 80m, adquirido através de doação de um empresário. Neste espaço acontecem encontros esportivos de crianças e adolescentes, entretanto, um fato ocorrido de violência perante os olhos das crianças, resultou na evasão do lazer realizado neste espaço por parte da comunidade. Existem também, dois espaços particulares - o campo de futebol que pertence a CERON (Centrais Elétrica de Rondônia), e uma quadra de Futsal -, sem acesso gratuito. Considerando a população de baixa renda, os espaços particulares de nada servem a população local. O único ponto próximo e aberto a comunidade e o Beira rio Cultural, mantido pela prefeitura municipal de Ji-Paraná e, dispondo de três conjuntos de aparelhos para exercício físico, três quadras esportivas, de Basquete, de Vôlei, de Futsal e uma pista para caminhadas, Pracinha e Parque para crianças. Verificou-se nas praticas esportivas realizadas dentro do Bairro Primavera, no presente, apenas um bate bola e, não há programa social que proporcione esporte e lazer intra-bairro. Verificou-se ainda que, algumas crianças participam do programa Sonho Meu da Fundação JICRED. A Fundação JICRED atende 160 crianças e adolescentes nas faixas etárias de 8 a 17 anos no período da manhã e tarde. Verificou-se nos monitores da fundação uma predisposição para realizarem campeonatos competitivos. Essa prioridade, assim como no âmbito do estado privilegia um esporte de alto rendimento ou espetáculo, isso certamente não dá lugar de destaque ao lazer como fator de participação popular. Na realização de eventos voltados para a competição o poder de afastar a colaboração, a solidariedade, a amizade e o respeito entre os participantes é potencializado, o que não é condizentes com objetivo do programa Sonho Meu que e formar cidadãos. Segundo Correia (2006), os jogos cooperativos ao permitirem aos alunos uma nova forma de jogar, melhoram a interação social, levando-os a perceber a possibilidade de haver divertimento sem a competição a que estão acostumados. Para Bastos (1997), as políticas públicas de lazer podem se apresentar como realidade revolucionaria, quando ousam alimentar-se da realidade contraditória vivida pelos diversos atores sociais que compõem o cenário da cidade. Significa dizer que, para além de construir espaços, equipamentos e desenvolver atividades de lazer e criar programas, é preciso mergulhar, entender costumes, tradições e formas de sociabilidade mantidas pelos diversos grupos que se apropriam de pedaços da cidade. Por isso, alem da importância que se dá a infra-estrutura e seus materiais é de suma importância que se conheça de perto a realidade destas comunidades. Conhecendo seus costumes e tradições será possível a inclusão social.
Figura 1. Bairro Primavera A) Quadra de areia, Escola Estadual Beatriz Ferreira; B) Quadra de Futsal, Escola Estadual Beatriz Ferreira; C) Campo de Futebol, espaço doado por um empresário de Ji-Paraná; D) Campo futebol, Clube da CERON.
Vila Jotão E) Espaço de Lazer Beira Rio Cultural, nas proximidades do Bairro Primavera; F) Parque de Lazer para crianças Beira Rio Cultural, nas proximidades do Bairro Primavera.
Bairro Jardim das Seringueiras G) Espaço recreativo para atividades de Educação Física na Escola Osvaldo Piana; H) Quadra de Voleibol e Futebol de areia em fase de construção pela Prefeitura Municipal de Ji-Paraná; I) Campo de Futebol na sede da Fundação JICRED, Projeto Sonho Meu.

Gráfico 2. Campos de modelos de inclusão social propostos para as comunidades periféricas dos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera.
Os professores acreditam nas atividades esportivas diversas como forma de inclusão social, entretanto, isso não minimiza a importância dos jogos cooperativo, pois, este é o melhor modelo de inclusão social condizente com a realidade das pessoas do Jardim das Seringueiras e Primavera porque durante o período de fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008, quando o Programa Esporte e Lazer da Cidade de Ji-Paraná atuou nestas comunidades com uma Educação Física voltada para os jogos cooperativos, a ociosidade dessas crianças e adolescentes foi preenchida, proporcionando o afastamento da criminalidade, das drogas e do trabalho infantil forçado (Boletim da Policia Civil, 2007, 2008).
Foram desenvolvidas atividades recreativas de lazer como cultura corporal, capoeira, movimento hip-hop, pagode, reggae, teatro e artesanatos. Nos jogos cooperativos, o lúdico nas brincadeiras de queimada invertida, vôlei cooperativo, coelhinho sai da toca..., proporcionaram mais animação nos participantes, já nas atividades esportivas diversas, desenvolveram-se ginástica, danças, futebol, basquete handebol, vôlei, entre outras. Os beneficiários deste programa foram meninos e meninas com idade entre 7 e 14 anos, e adolescentes de 15 à 19 anos, totalizando aproximadamente 180 beneficiados com esporte e lazer orientado.
De acordo com Saraiva (1999), refletir sobre as praticas corporais na comunidade abre um leque de perspectivas que se relacionam com seus fins, seus meios e seu significado social e, nisto, estão as perspectivas do esporte e do lazer, da formação, da inserção social. Segundo Bruhns (2000), o lazer tem por objetivo manter a continuidade do processo de desenvolvimento social das pessoas. Embora a mediação do esporte pelos Jogos Cooperativos seja uma estratégia adequada para estimular a participação cooperativista intra-grupal, a relação de oposição continua implícita em muitos professores de Educação física, que não percebem nos jogos cooperativos uma forma de quebrar os paradigmas da competição exacerbada. É preciso refletir sobre os métodos, estratégias e conteúdos adotados nas aulas, de forma que as comunidades periféricas possam vivenciar a inclusão e não a exclusão.
A organização no tempo livre é de estrema importância para amenizar a carência de atividades recreativas de lazer com qualidade nos bairros Jardim das seringueiras e Primavera. Os professores observaram que o esporte e o lazer lúdico promovidos de forma cooperativista apresenta resultados satisfatórios na redução das brigas, proporcionando ajuda mutua nos jogos. Observou-se também, nos encontros inter-bairros, de atividades esportivas competitivas muitos confrontos, ao invés do encontro. Em atividades recreativas de lazer, cooperação e socialização, observou-se um comportamento democrático com laços de solidariedade entre os indivíduos, possibilitando a oportunidade para externar o relacionamento de lazer grupal compartilhado, o que Dumazedier (1976) classifica como qualidade de vida do cidadão comum.
A maioria dos professores concordam que os jogos cooperativos foram razoavelmente aceitos em todas faixas etárias, encontrando resistência nos adolescentes de dezoito e dezenove anos e, maior adaptação na faixa etária de oito a dez anos.
Gráfico 3. Faixa etária de maior e menor adaptação aos Jogos Cooperativos nos Bairros Jardim das Seringueiras e Primavera.
Observou-se também a importância do lúdico nas aulas de Educação Física para conseguir a adesão dos adolescentes aos jogos cooperativos, sendo uma boa estratégia, oferecer outros jogos antes ou após os jogos cooperativos, para conquista-los pouco a pouco, dando prioridade aos jogos pré desportivos e, impulsionando aos jogos cooperativos, pois, estes aceitam os jogos cooperativos e aprendem a importância para o crescimento do grupo, mas estão sempre questionando o horário do jogo propriamente dito e, tentando mostrar o quanto um é melhor que o outro. Já com as crianças de oito a dez anos o simples prazer de estarem juntos, favorece a adesão aos jogos cooperativos. Segundo Broto (2001), há um condicionamento competitivo, que já esta arraigado nas crianças mais velhas, sendo necessário um recondicionamento desde cedo, sobre alternativas cooperativas. Soler (2005) salienta que os jogos cooperativos recuperam a auto-estima para o aprendizado de uma criança, reforça sua auto-imagem porque ela não e arrancada do jogo e também porque pode marcar pontos, dar idéias e modificar as regras do jogo.
Há divergências nos procedimentos de ensino que facilitem a inclusão.
Gráfico 4. Percentual de professores de educação física trabalhando com procedimentos de ensino que facilita a inclusão.
Os profissionais do improviso (profissionais da bola), transmitem uma auto-confiança nada confiável. É preciso que todos os educadores descubram no procedimento de planejamento inclusivo as linhas de uma verdadeira educação capaz de mudar as relações interpessoais das periferias. Para Antunes (2001), os nossos educadores necessitam explorar as relações interpessoais que a escola proporciona para ensinar o aluno a solidariedade e o respeito ao outro, para envolver em projetos comunitários, para orientá-lo a trabalhar em grupos, para despertar sua sensibilidade, para se auto-avaliar na mesma proporção em que avalia o desempenho de seus colegas. Na percepção de Mattos (2000), as reflexões de planejamento para formação de ensino fazem parte da natureza de todo cientista e de todo pedagogo. É importante descentralizar os grupos que causa certa exclusão fazendo com que todos participem de forma efetiva e participativa e, tornar as diferenças um conjunto de habilidades importantes para todos.
Observou-se resistência por parte dos adolescentes ao desenvolver os jogos cooperativos.
Gráfico 5. Índice de Resistência dos adolescentes ao desenvolver Jogos Cooperativos.
Os professores acreditam que o problema da resistência aos jogos cooperativos nos adolescentes, esta ligada quase sempre nas competições desequilibradas entre equipes e indivíduos, pois, na percepção da vitória sobre o fracasso e a derrota dos oponentes, eles encontram satisfação e grandeza. Deve-se considerar, além disso, os adolescentes em sua percepção não estão interessados a desenvolver o processo continuo dos fundamentos do esporte, querem partir diretamente para o jogo competitivo. Segundo Dias (1996), levar adolescentes ao seu desenvolvimento pleno e a sua completa humanização é uma missão difícil. A missão de resgatar adolescentes a partir dos jogos cooperativos é acima de tudo uma luta onde a inclusão social não deve se perder em belas propostas, belos projetos, nada de assistencialismo nem de políticas momentâneas que completam ações momentâneas que podem ser interrompidas a qualquer momento e, ao sabor do vaivém das ambições políticas.
Muito beneficia são alcançados aos alunos participarem dos jogos cooperativos.
Gráfico 6. Dimensões dos benefícios causais atribuídos aos Jogos Cooperativos segundo educadores questionados.
Os professores acreditam que os jogos cooperativos resgataram a importância do lazer na periferia promovendo a auto-organização e mobilização das comunidades Jardim das Seringueiras e Primavera. Elas são populações de baixa renda da cidade de Ji-Paraná que foram envolvidas por algumas estratégias criadas pelo professor de Educação Física, na vigência do Programa do governo Federal em parceria com a Prefeitura municipal - Programa Esporte e Lazer da Cidade -, durante o ano de 2007. Todos os participantes das atividades de jogos cooperativos se envolveram independentemente de suas habilidades, aprendendo a solidarizar-se com os sentimentos dos outros e, ao participar com prazer experimentaram o senso de unidade, eliminando sentimentos desagradáveis, mantendo a atenção e a concentração na brincadeira, controlando a ansiedade e favorecendo um ambiente agradável de aprendizagem. Estes professores, nada fizeram alem do que Boruchovitch et al, (2001), conceitua de estratégias de ensino e significativas dificuldades de aprendizagem. Para Antunes (2001), o professor que ama o que faz, que se empolga com o que ensina, se mostra sedutor em relação aos saberes de sua disciplina, apresenta seu tema sempre em situações de desafios estimulantes, esse, possui chances maiores de obter reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitável tédio da vida. Trabalhar verdadeiramente em conjunto com os colegas e ensinar os alunos a trabalhar e aprender em equipes torna-se uma necessidade imperiosa pela evolução do oficio do educador de maneira geral.
É percebível mudanças mediante a proposta de inclusão dos jogos cooperativos em relação à ausência de brigas e agressividades. Os professores observaram nas crianças que vêm de ambientes que não favorecem a cooperação humanitária aprendem muito e conseguem muito, mas comparadas com crianças que moram em bairros de classe media e media alta, são injustamente classificadas como agressivas, simplesmente porque foram avaliadas segundo o critério de classe marginal (bandidos) e não o de classe menos favorecidas (excluídas). Em síntese, os jogos cooperativos foram ações de sentido que influenciaram no desenvolvimento das crianças e adolescentes do Primavera e Jardim das Seringueiras promovendo a inserção destes nas demais instituições da sociedade.
Tabela 1. Taxa de violência durante e após atividades de lazer dos jogos cooperativos - PELCJP – ano 2007 e 2008 nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera
Ano
Assaltos
Assassinatos
Uso Entorpecentes
2007
05
0
02
2008
09
02
11
Fonte: Policia Civil
Projetos de intervenção como o Programa Esporte e Lazer da cidade de Ji-Paraná, podem construir mudanças desde que haja uma continuidade, pois, o PELCJP alcançou sua máxima eficácia de programas de intervenção com imensurável impacto no desenvolvimento dos membros da família, em especial, crianças e adolescentes mas, faltou o apoio das políticas publicas na sua continuidade. A premissa do Programa Esporte e Lazer da Cidade é mudar a realidade fazendo com que determinado grupo humano possa melhorar sua situação e aumentar suas possibilidades futuras, contribuindo com seu desenvolvimento e com o desenvolvimento de seu meio (EWERTON, et al, 2007). Segundo Zigoni (1998), os projetos através da política são delimitados por objetivos no tempo e no espaço. Entretanto, um projeto precisa considerar o que é prioritário a partir de uma determinada situação, considerando as aspirações, desejos e motivações, deverão considerar também, seus critérios prioritários de ajuda, levando em conta as possibilidades de execução, seus resultados e sua continuidade. O esporte e o lazer e um direito social, portanto é um elemento das políticas publicas que deve ser subsidiado nas periferias com ações que estimulem os núcleos a participarem de ações cooperativistas de brincadeiras e, também de oportunidades de trabalho a médio e longo prazo, funcionando como incubadoras que viabilizem a formação de pequenas empresas voltadas para a produção cultural. Para Mattos (2000), faz se necessário desenvolver um esporte em que se jogue com e não contra, no qual se busque o coleguismo para podermos descaracterizar o esporte competitivo e lançar a criação de um novo esporte, o esporte dos jogos cooperativos.
Os jogos cooperativos refletem o convívio familiar. Os professores questionados acreditam que sempre ou quase sempre.
Gráfico 8. Comportamento Sócio-afetivo de crianças e adolescentes no convívio familiar com a prática dos Jogos Cooperativos.
Crianças e adolescentes das periferias já crescem cuidando de seus irmãos, isso é uma cooperação, porque as famílias nos bairros periféricos são desprovidas de planejamento familiar e tem muitos filhos, entretanto, esse cenário nem sempre favorece as motivações e habilidades envolvidas na ajuda e atendimento de outros seres humanos. A condição social empurra-os a marginalidade e, essas famílias das classes trabalhadoras (não as de classes média) freqüentemente não tem muito, ou quase nada de lazer a oferecem às suas crianças. Os jogos cooperativos no Primavera e Jardim das Seringueiras pode influenciar no ressurgimento de oportunidades em lazer e de aprendizagem, onde a cooperação familiar que existe entre irmãos pôde ser externada resgatando assim aquilo que já existe, mas pelas condições financeiras acabam sendo sufocadas pela descontinuidade de aproximação com outras pessoas que não seja a suas famílias.
Não raro, as famílias atribuem aos professores das aulas de Educação Física a mudança sócio-afetivos no comportamento das crianças e no convívio familiar. Não só as crianças, mas também, os adolescentes, podem desenvolver laços afetivos, com ações de cooperação intervindo nas discussões que às vezes surgem durante os jogos; em casa, tornaram-se mais abertos ao diálogo. Esses professores quando da implantação do Esporte e Lazer da cidade vivenciaram as expectativas hostis por parte das crianças e adolescentes de querer vencer a todo custo, o que propiciou grande insegurança pessoal para muitos, deixando transparecer o ambiente de tensão vivenciado no dia a dia familiar daquela população. Sob este ponto de vista, observou-se nos relatos dos professores que os jogos cooperativos é a ferramenta capaz de mudar o alicerce das relações humanas. Sob o ponto de vista de autores como Broto, 2000; Orlick, 2002 e Correia, 2006, uma participação cooperativista nos jogos cria inúmeras possibilidades de inclusão, esse é um processo gradativo onde a família é o principal beneficiário. Os jogos cooperativos podem resgatar o que muitas vezes esquecemos e deixamos se perder ao longo do caminho. Esses Profissionais lutam para ver ideais mais nobres sobre seus alunos, na construção de pessoas com traços de caráter valorosos, eles não rouba sonhos e nem atropelam a vida das pessoas, se sentem felizes ao ver valores cooperativistas resgatados nos bairros Primavera e Jardim das Seringueiras.

Conclusões
Conclui-se que as políticas públicas não vem disponibilizando recursos destinados ao lazer com continuidade e qualidade o que caracteriza-se como problema de exclusão social das crianças e dos adolescentes nas praticas esportivas nos bairros Jardim das Seringueiras e Primavera.
Conclui-se que os professores de educação física não devem excluir os jogos cooperativos de seus planejamentos porque este reduz a agressividade das crianças e adolescentes e proporciona a inclusao social na familia e na sociedade.
Os jogos cooperativos contribuem para um melhor relacionamento entre crianças e adolescentes propiciando um ambiente menos tenso e mais tranqüilo. Enfim, promovem a inclusão social.

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